sábado, 29 de setembro de 2007

Rio Grande da Serra


Por trabalhar profissionalmente com a História local, estar atualizado com a bibliografia (sobretudo historiográfica) da região do ABC é uma necessidade para mim, não isenta de prazer. Acabo de ler "O Desenvolvimento Socioeconômico de Rio Grande da Serra", co-escrito pela ex-vice-prefeita da cidade, Maria Rita Serrano (São Paulo: Publisher Brasil, 2007). Comprei da própria autora, numa banquinha no IX Congresso de História do ABC, realizado em São Bernardo, em maio desse ano. O livro é baseado no trabalho de conclusão do curso de História de uma faculdade da região, feito por ela e mais três alunos.

Com 78 páginas, bem editado, o maior mérito do livro é o de ser o primeiro sobre a História de Rio Grande da Serra, o único município do ABC cuja trajetória não tinha sido contemplada em publicação do gênero. Situação muito diferente de cidades como São Caetano, que tem uma fundação que edita os próprios livros referentes a sua História - que creio que já se podem contar às dezenas - e ainda dispõe de uma revista semestral voltada para a memória do município, Raízes; ou Santo André, com livros de memorialistas ou publicações institucionais. São Bernardo também já publicou várias obras, e Mauá, Diadema e Ribeirão Pires, estão numa situação intermediária em relação às suas contribuições às próprias historiografias. Falarei oportunamente sobre isso num outro momento, sobretudo no caso de Mauá.

Voltando ao livro, sabemos bem das limitações de tempo e espaço dos TCCs, mas sentimos falta exatamente de um pouco mais de atenção à História propriamente dita. Poderiam ter sido consultados arquivos da região, como o Museu de Santo André e o Serviço do Patrimônio de São Bernardo, que tem um considerável material sobre a região, como jornais antigos e o importantíssimo Fundo Câmara; ou ainda, o Arquivo Público do Estado. Mas as questões fundamentais da existência do município são colocadas em pratos limpos: o problema da indústria química Solvay (Santo André fica com os impostos e Rio Grande com a poluição) e a vocação turística da cidade, a ser baseada no ecoturismo. Grande número de tabelas traduz em números os indicadores socioeconômicos da cidade, comparando-os com os outros municípios da região abeceana, e que mostram Rio Grande invariavelmente em último lugar em todos.

Um aluno meu, morador da cidade, disse que quem deveria ter escrito a História de Rio Grande deveria ter sido a Dra. Gisela Saar, memorialista da cidade, e principal fonte de Serrano para a parte historiográfica da obra. Verdade, mas isso não tira o mérito de Maria Rita, mesmo que ela more a poucos anos em Rio Grande e tenha nascido em Santo André.

Todos os encômios, portanto, à iniciativa de Maria Rita Serrano, com a qual ela preenche uma lacuna bibliográfica da região do Grande ABC, colocando um município pouco lembrado com seus problemas para o debate, o que é fundamental para um desenvolvimento sustentável da região.

Um comentário:

Unknown disse...

Muito bom, Renato! Pelo visto você tem muito a dizer! Seu blog será uma ótima fonte de informações! Os textos estão muito bons... embora um pouquinho longos, faz a gente querer ler até o fim... texto fluido. Parabéns! Já adicionei aos favoritos (...e vc nem precisou pedir... hehehehehe), vou recomendar aos amigos! Sucesso!

(ouvindo Interpol enquanto leio... conhece?! Boa banda!)