segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Borat 3 – Aspectos politicamente incorretos


O filme sofreu duras críticas como sendo preconceituoso, anti-semita, anti-cigano e misógino, além de Cohen e os produtores do filme terem sido processados por várias pessoas que participaram do filme, já que em sua grande maioria pensavam que estariam participando de um documentário que passaria apenas num país distante e desconhecido da Ásia Central. Entre estes, toda a aldeia romena de Glod - locada para ser Kuszek, o local de nascimento do protagonista - processou-o, pois a mesma teria sido representada como sendo formada por pessoas “incestuosas e ignorantes”.

Quanto ao anti-semitismo, o próprio Cohen é judeu, e se expressa em hebraico quando se supõe estar falando cazaque no filme (sua mãe é israelense e ele mesmo viveu num kibutz na adolescência). Creio eu que, na verdade, ele está fazendo uma sátira (sempre passível de ser mal-entendida) ao próprio anti-semitismo, já que isto é mostrado num personagem visivelmente retrógrado. De qualquer modo, não soube de nenhum grupo anti-semita (na net ou fora dela) que tenha visto Borat como auxílio à sua causa.

Mas, o mais curioso foram os efeitos causados no próprio Cazaquistão. É claro que – a não ser a bandeira – nada no filme tem qualquer relação com o verdadeiro Cazaquistão. Os personagens de Cohen e Davitian não se parecem com os cazaques típicos, estes mais assemelhados com os mongóis.

Num primeiro momento, o governo cazaque quis processar a equipe de produção, por mostrar o país de forma caricatural e seu povo como “não-civilizado”. Iniciou, depois, uma campanha de divulgação do país no exterior, como que para apagar o incêndio causado pelo filme de Cohen. O carro-chefe da campanha denominava o país como “Coração da Eurásia”. Depois, percebendo que o filme causou um interesse turístico pelo país nunca antes visto no Ocidente, o presidente Nursultan Nazarbayev relaxou e gozou. Em visita à Grã-Bretanha, numa coletiva de imprensa, Nazarbayev perguntou se Borat estaria ali na sala e, se estivesse, “gostaria de falar com ele”. Os jornalistas presentes caíram na gargalhada. "Great success!"

Apesar de não ter sido exibido nos cinemas do país, o DVD tem sido campeão de vendas no país. O tablóide cazaque Karavan declarou que “certamente o filme não é anti-cazaque, anti-romeno ou anti-semita” mas “cruelmente anti-americano (...) surpreendentemente engraçado e triste ao mesmo tempo”.

Pessoalmente, penso que os melhores filmes são os que nos divertem e nos fazem pensar ao mesmo tempo. Borat, com certeza, tem essas características.

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