domingo, 21 de outubro de 2007

Uma ode ao Historiador

Não sou um versado pela poesia, mas algumas eventualmente chamam minha atenção. Entre Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, prefiro o primeiro. Contudo, brindo-lhes agora com esse poema de Drummond, chamado "O historiador":

“Veio para ressuscitar o tempo
e escalpelar os mortos, as condecorações,
as liturgias, as espadas,
o espectro das fazendas submergidas,
o muro de pedra entre membros da família,
o ardido queixume das solteironas,
os negócios de trapaça, as ilusões
jamais confirmadas nem desfeitas.
Veio para contar
o que não faz jus a ser glorificado
e se deposita, grânulo,
no poço da memória.
É importuno.
Sabe-se importuno e insiste,
rancoroso, fiel.”

Em breve, colocarei minhas favoritas do Bandeira.

2 comentários:

Unknown disse...

Que engraçado, Renato, me identifiquei completamente com esse post. Virei historiadora?! Não, não por isso! É que também prefiro Bandeira a Drummond, mas vira e mexe, me pego dizendo: "ainda que eu prefira o Bandeira... esse poema do Drummond é genial!". Admitamos, portanto, é impossível passar batido pela obra do Drummond!

Conversas com Clio disse...

É verdade, Fabi! É que (re)descobri esse poema uns dias atrás e ele me motivou colocar o post, mais do que qualquer poema do Bandeira, que de todo modo, nem tenho lido ultimamente...